sexta-feira, 24 de junho de 2011

Após 30 dias da morte de extrativistas no Pará, crimes continuam sem solução.

Defensoria cobra investigação um mês após morte de extrativistas no PA

(extraído de: globo.com)

José Claudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo foram mortos em emboscada.
Polícia Civil
pediu prorrogação da conclusão do inquérito sobre o crime.

Glauco AraújoDo G1, em São Paulo








Casal de extrativistas morto a tiros em estrada no
Pará (Foto: Divulgação/Arquivo CNS)







A morte do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo em uma emboscada no assentamento Praialta Piranheira, em Nova Ipixuna (PA), completa um mês nesta sexta-feira (24), e permanece sem solução. A Polícia Civil de Marabá (PA), responsável pela investigação do caso, pediu prorrogação do prazo para conclusão do inquérito. A Defensoria Pública do estado cobra resultado da investigação após novos atentados cometidos contra agricultores da região.
O crime ocorreu em 24 de maio deste ano, quando os dois passavam de motocicleta por um pequena ponte improvisada na estrada de acesso ao assentamento. A Polícia Civil divulgou, no começo deste mês, ter identificado um suspeito da morte do casal de extrativistas, mas ainda não prendeu ninguém. A investigação agora segue em segredo de Justiça.
Novas ameaças
Nem a atuação da Polícia Civil e a presença da Força Nacional, das Forças Armadas e da Polícia Federal foram suficientes para evitar que novos ataques fossem cometidos contra agricultores de Marabá e de Nova Ipixuna






Homens da Força Nacional de Segurança cercam
casa de um dos agricultores ameacados de morte
em Nova Ipixuna (Foto: Divulgação/Força Nacional/
Ministério da Justiça)





Na madrugada de 18 de junho, duas famílias de agricultores que estavam sofrendo ameaças de morte no assentamento Praialta Piranheira tiveram de ser retirados de suas casas por terem sido cercados por pistoleiros, possivelmente contratados por fazendeiros que são contra a permanência de ambientalistas da região.
Com as famílias, também foi retirada a irmã do extrativista Ribeiro da Silva, Claudelice Silva dos Santos, de 29 anos. Ao todo, são dez pessoas, cinco adultos e cinco crianças. Todas foram levadas pela Força Nacional e agentes federais para um local desconhecido em Marabá. A Defensoria está avaliando qual o sistema de proteção que será usado para garantir a segurança dos agricultores ameaçados.
Ao todo, são dez pessoas, cinco adultos e cinco crianças. Com as famílias, também foi retirada a irmã do extrativista Ribeiro da Silva, Claudelice Silva dos Santos, de 29 anos.
Corrida contra o relógio
Segundo Márcio Cruz, defensor público paraense, a investigação policial sobre a morte do casal de extrativistas foi ineficaz até o momento. "Houve um crime, duas mortes e anda foi esclarecido ainda. Esperamos que a morte do casal não tenha sido em vão e os responsáveis sejam punidos corretamente."
Cruz também questionou a conduta policial sobre a apuração das ameaças sofridas pelos agricultores que estão sob escolta da Força Nacional. "As vítimas foram ouvidas um dia depois de terem sido retiradas de suas casas. Espero que as declarações que eles deram não fiquem engavetadas e resultem em um inquérito, em uma investigação eficaz."
Um dos agricultores que está sob proteção da Força Nacional, José Martins, 57 anos, disse ao G1 que deixaria o assentamento por ter medo de morrer. "Quem é ameaçado de morte vive com medo", disse ele.
A declaração foi feita no início deste mês, logo depois de ele sofrer as primeiras ameaças de morte e de ter quatro construções em sua propriedade queimadas por fazendeiros da região.
O outro agricultor que também está escoltado pela Força Nacional já havia denunciado ao G1 que tinha sofridoameaças de morte por parte de policiais civis e militares.
O agricultor, que pediu para não ser identificado, chegou a viajar até Brasília para relatar as ameaças para o Ministério dos Direitos Humanos e do Meio Ambiente.
O advogado da Comissão Pastoral da Terra (CPT) no Pará, José Batista Afonso, também questiona a morosidade da polícia no caso. "A investigação do caso não está sendo feita da melhor forma. Esperamos uma resposta rápida e que os responsáveis pelas mortes dos extrativistas sejam punidos pela lei."
Majestade
Claudelice Silva dos Santos, irmã do extrativista morto e que agora está sob escolta da Força Nacional, reclamou da lentidão da investigação policial para identificar os autores do crime cometido contra o irmão. “A morte dele interessava a fazendeiros e madeireiros. Na verdade, são grileiros de terra.”
No início deste mês, ela visitou a casa onde vivia o irmão. Ela relembrou a luta dele em defesa do meio ambiente quando esteve diante da castanheira símbolo do trabalho ambiental feito por ele, a Majestade. "Pense se não é um crime derrubar uma árvore desse tamanho e vender a madeira por R$ 50. Toda vez que venho aqui eu fico emocionada", disse Claudelice na ocasião.
Na própria carne
O secretário de Segurança Pública do Pará, Luiz Fernandes Rocha, disse que tomou ciência do fato e afirmou que os quatro policiais citados na denúncia estão sob investigação. "O fato está sendo apurado. Já ouvimos entre 50 a 60 pessoas e a investigação está no contexto do crime cometido contra José Claudio Silva e Maria do Espírito Santo. Tudo tem uma ligação."

Fonte: GLOBO.COM

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